Há neste momento 12 pessoas no espaço. O número dos que já viajaram ao espaço, e que inclui astronautas, cosmonautas e turistas, anda pelos 600. São números de agosto de 2024.
A somar a estas pessoas é preciso acrescentar outros seres vivos. Provavelmente é conhecida a Laika, o primeiro animal, uma cadelinha, a orbitar a Terra, mas talvez sejam menos conhecidos os tardígrados.
A viagem, em 2007, destes ursinhos de água que medem menos de 0,5 milímetros, foi um passo enorme na exploração científica e biológica. Era sabido que sobrevivem a condições extremas, como o congelamento e a desidratação total, entrando num estado de dormência extrema, a criptobiose, mas poderiam resistir ao espaço sideral, sem água e sem ar? Efetivamente podem, pois quando regressaram ao Planeta, eles “ressuscitaram”, voltaram a viver como se nada tivesse sucedido.
Estas incríveis capacidades, podem ajudar-nos a refletir sobre a forma como nós enfrentamos as adversidades. Deixamo-nos ir abaixo? Resistimos, mas numa espécie de “criptobiose” que nos paralisa? Ou conseguiremos ser superiores aos tardígrados?
Para quem acredita em Deus, a resposta é a esperança que nasce da fé em Jesus, num Deus que está connosco e nos anima. E é essa confiança que nos leva não só a enfrentar os próprios problemas, mas a abrir-nos à caridade e ao serviço aos outros. Também nós podemos levantar-nos no meio das dificuldades e desafios, mas não sozinhos. Fazemo-lo na comunidade, no amor ao próximo, na partilha dos nossos dons e na procura do bem comum. A esperança cristã é, portanto, uma esperança ativa que nos impulsiona a ser agentes de mudança, a construir um mundo mais justo e solidário, onde ninguém fica para trás.
Assim, a verdadeira viagem, aquela que levará um dia toda a Humanidade às estrelas, começa aqui, na Terra, no coração de cada um, quando, com confiança, nos dispomos a amar e a servir, refletindo no nosso pequeno mundo aquilo que esperamos um dia encontrar no Infinito.
P. Jose Cordeiro | Diretor